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À espera de um milagre: a difícil ofensiva de Lula no universo evangélico

Petista tenta quebrar a resistência ao partido e furar a bolha bolsonarista em torno das lideranças das igrejas

APROXIMAÇÃO - Lula: o encontro com o bispo Manoel Ferreira (no centro) teve até promessa de vice para o líder religioso -

Matéria de Veja mostra o presidenciável Lula quebrando barreiras e entrando no nicho que levou o presidente Jair Bolsonaro à vitória nas eleições de 2018, e leito, fundamentalmente, com o voto evangélico, quando se considera a variável religião.

O presidente Jair Bolsonaro 2º o Instituto de Pesquisa Datafolha em 2018, indicou que 21.701.622 milhões de evangélicos votaram no presidente Bolsonaro, o que correspondeu a 69% dos votos.

A pesquisa, informou que os evangélicos representariam 31% da população brasileira.

E é com olho em 2022 e no peso do voto do seguimento evangélico que o ex-presidente Lula vem buscando aproximação com líderes de igrejas. O presidenciável está em campanha para quebrar a ampla resistência ao petismo — decisiva na derrota em 2018 — e se viabilizar como o grande rival de Jair Bolsonaro em 2022. 

2º reportagem da revista, Veja afirma que Lula reabriu diálogo com o centro, empresariado, 2 dos setores avessos à pregação da PTista. Mas como a própria matéria indica e pode-se observar isso no cotidiano, são as barreiras criadas entre a esquerda e os evangélicos, que se tornou no principal pilar do bolsonarismo.

Veja mostra ainda, que os dias na prisão fez com que o PTista se transformou em 1 espectador fiel das pregações de pastores no rádio e na TV e leitor de livros sobre o fenômeno neopentecostal. E ao ser liberto da prisão começou a pautar reuniões com o tema junto à dirigentes do partido. Lula conforme a reportagem em uma das reuniões no Rio de Janeiro, criticou a visão preconceituosa que boa parte da esquerda tem sobre o segmento e disse que é possível trazer a teologia da prosperidade (difundida entre os neopentecostais) para o discurso político.

Em uma prova de que o tema está entre suas prioridades, Lula começou a ir até os pastores. Um dos encontros mais significativos foi no Rio com o bispo Manoel Ferreira, líder da Assembleia de Deus Ministério Madureira, uma das maiores igrejas do país — lá disse até que queria um líder evangélico como vice.

A mais de um ano das eleições, mencionar um companheiro de chapa evangélico, evidentemente, pode ser apenas uma artimanha política. Mas demonstra a importância que esse eleitorado ocupa hoje nas ambições do petista. A reação ao encontro, porém, dá uma ideia do nível de dificuldade da missão.

Bem não terminou a reunião com o líder do Ministério Madureira, os 2 filhos de Manoel, os bispos Samuel e Abner Ferreira, correram às redes sociais para mostrar que estavam fechados com Bolsonaro. 

Líder da bancada evangélica, Cezinha de Madureira (PSD-SP) ligou também para aliados do presidente para explicar que foi apenas “visita de cortesia” e postou duas vezes “Tamo Junto” com o Bolsonaro — com quem, aliás, desfilou na garupa durante a motociata em São Paulo no dia 12 de junho. 

“Bolsonaro foi o único que, no poder, permaneceu defendendo nossos valores”, diz o apóstolo César Augusto, da Igreja Fonte da Vida, um frequentador assíduo do Palácio do Planalto.

A pauta moral é, ao menos em público, um dos principais motivos alegados pelos líderes para terem se afastado do petismo nos últimos anos. Embora tenham crescido como nunca na era Lula e Dilma, com concessão de canais de rádio e TV e inauguração de templos, as igrejas pentecostais sempre foram vistas como inimigas por movimentos como o LGBTQIA+, que ganharam força nos últimos anos no partido.

Sabendo das dificuldades com os pastores, porém, Lula abre outra frente, onde tem mais traquejo: a dos políticos. Um flanco é a insatisfação de dirigentes do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal. Aliás, um dos nomes cotados para ser vice de Lula é o do deputado Marcos Pereira, pastor licenciado e ex-vice-presidente da Record. 

No Nordeste, onde o petista ainda é muito popular, os líderes da legenda são em sua maioria fechados com o ex-presidente. De olho nesse flerte e conhecendo o pragmatismo das lideranças religiosas, que muitas vezes se confundem com o vaivém do Centrão, Bolsonaro já começou a se mexer e passou a ventilar a informação de que Pereira pode ter um posto no Planalto. Além disso, indicou Marcelo Crivella para o cargo de embaixador na África do Sul, país estratégico para a Universal, da qual o prefeito do Rio é pastor licenciado.

Nas eleições de 2018, sete em cada dez votos evangélicos foram para Bolsonaro. 

O apoio hoje continua forte, mas não é tão massivo. Na pesquisa Datafolha de maio, 47% desses eleitores disseram que o presidente não tem capacidade para liderar o Brasil e 35% avaliaram o seu governo como ruim ou péssimo — um empate técnico com os 33% de ótimo ou bom. 

O sinal foi percebido também por Ciro Gomes (PDT): na última segunda, 21, sob a produção do marqueteiro João Santana, ele postou um vídeo com a Bíblia em uma mão e a Constituição em outra afirmando que ambos não são “livros conflitantes”. Como se vê, políticos de todos os matizes tentarão o milagre da conversão dos evangélicos. 

Em síntese, o voto evangélico foi decisivo nas eleições presidenciais de 2018. Como houve empate técnico entre a população católica, a grande vitória de Bolsonaro foi entre os evangélicos (mais de 11 milhões de votos) foi suficiente para abrir uma vantagem de pouco menos de 11 milhões de votos no conjunto dos votos válidos do segundo turno.

Não será fácil. Só orando muito.

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