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Rebeca Andrade, um salto para a história

A ginasta brasileira Rebeca Andrade levou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio no salto sobre a mesa. Com esse desempenho tornou-se a primeira campeã olímpica da ginástica brasileira e a primeira a vencer duas medalhas numa mesma Olimpíada e poderá ainda obter uma terceira medalha.

Rebeca Andrade voou e alcançou o topo. A atleta olímpica superou a si mesma e conquistou a medalha de ouro para o Brasil na final do salto neste domingo, 1 de agosto, fazendo história mais uma vez ―uma expressão que já virou clichê para explicar o brilhantismo da atleta de Guarulhos, cidade da Grande São Paulo. Aos 22 anos, Rebeca Andrade entra para o Olimpo da ginástica artística mundial, ostentando no peito não só a épica medalha de prata que conquistou na final da ginástica artística individual feminina, na sexta (30), mas agora também subindo ao topo do pódio nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. E ainda tem mais uma final do solo pela frente, na segunda (2). Neste domingo (1), com uma pontuação de 15.083, ela superou a americana Mykayla Skinner (prata) e a sul-coreano Yeo Seojeong (bronze).

“Eu estou muito feliz. Trabalhei bastante durante todo esse tempo. Não sei nem o que dizer. Realmente não foram os meus melhores saltos. Só que isso é ginástica, isso acontece, é do esporte”, disse. “Mas tirei uma nota suficiente para me dar o primeiro lugar e estou muito feliz!”, comemorou a campeã, já com a medalha dourada no pescoço.

A ginasta superou lesões graves no joelho e cirurgias para conseguir a classificação a Tóquio-2020 e chegar ao maior momento de sua carreira nos Jogos Olímpicos. A última operação, em 2019, obrigou-a a ficar oito meses parada. Mas o adiamento dos Jogos de Tóquio-2020, devido à pandemia do coronavírus, lhe deu tempo para recuperar seu nível.

Em 2016, após a primeira operação, conquistou o ouro no salto na etapa do Mundial de Koper. Na Rio-2016, Rebeca havia conseguido apenas a 11ª colocação.

“Me senti firme mesmo fazendo as coisas e me diverti. Hoje eu estava muito feliz. Na classificatória eu estava muito feliz. No individual. E esta sensação que eu quero levar para amanhã”, declarou, neste domingo. “Independente do que aconteça, de resultado, eu vou estar feliz, porque eu fiz tudo o que podia”, vibrou Rebeca.”

Aos 22 anos, a atleta de Guarulhos dá sequência a um legado iniciado lá atrás. Em 2001, Daniele Hypolito deu ao Brasil a primeira medalha em um mundial de ginástica artística, com a prata no solo. Dois anos depois, Daiane dos Santos a primeira brasileira a tornar-se campeã mundial, em 2003. Agora, Rebeca —que já havia ganhado uma inédita medalha olímpica para a ginástica artística feminina brasileira, com a prata na final individual geral— entra para o ‘hall’ da fama do esporte como a primeira campeã olímpica do Brasil.

A caminhada de Rebeca Andrade rumo ao duplo pódio olímpico começou quando ela ainda era criança, graças a uma tia que trabalhava no Ginásio Bonifácio Cardoso, na Vila Bonifácio, em Guarulhos. A tia viu talento na sobrinha e a apresentou à técnica. Não demorou para que a guarulhense ganhasse o apelido de “Daiane dos Santos 2”, numa referência a um dos maiores nomes da ginástica brasileira.

Hoje, é a campeã mundial Daiane dos Santos quem admira a jovem atleta. Emocionada, após a conquista da medalha de prata no individual geral, Daiane destacou a representatividade negra por trás da vitória em Tóquio. “Durante muito tempo disseram que as pessoas negras não podiam fazer alguns esportes, e a gente vê hoje a primeira medalha, de uma menina negra. Tem uma representatividade muito grande atrás de tudo isso”, falou a gaúcha, emocionada, num vídeo que rodou e comoveu o Brasil.

Nesta segunda (2), Rebeca Andrade poderá surpreender com uma nova medalha de ouro e se juntar a Isaquias Queiroz, atleta da canoagem, como recordista de medalhas da delegação brasileira numa mesma Olimpíada. Rebeca competirá na exibição de solo e, segundo seu coreógrafo, Rhony Ferreira, ela tem uma “carta na manga” e o “baile de favela, não será apenas para a favela, mas um baile pra o Brasil inteiro.”

Com informações do El Pais e da RFI

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