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Com desemprego e alta de preços, brasileiro amplia dívidas e recorre mais ao cartão

Dicas para não pagar anuidade do cartão de crédito

A combinação de inflação alta e dificuldades no mercado de trabalho estão fazendo com que mais famílias brasileiras se endividem. Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, em julho, 71,4% das famílias tinham dívidas. É o maior índice desde 2010. O recorde vem sendo batido há três meses.

Um dos grupos mais afetados é o das famílias que ganham até dez salários mínimos. Ela passou dos 69%, em julho do ano passado, para 72,6%, em julho deste ano. O avanço da inflação – que atingiu 8,99% no acumulado de 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – não está dando trégua para estas famílias.

“Elas estão gastando mais para consumir o mesmo. E, muitas vezes, o dinheiro não chega até o fim do mês”, diz a economista Izis Ferreira, da CNC.

Uma das modalidades de crédito mais usadas, é o do cartão. Segundo a pesquisa, 82,7% das famílias têm dívidas nesta linha de crédito. Dados do Banco Central (BC) mostram que, em junho, os financiamentos via cartão somavam R$ 38,57 bilhões, o maior valor desde agosto de 2020. As concessões (novos empréstimos) cresceram 21,3% no comparativo entre os primeiros trimestres de 2020 e 2021.

A confederação aponta que esse meio de pagamento é o mais difundido pelas facilidades de uso, mas é também o que oferece o maior custo ao usuário, principalmente se o consumidor apela para o crédito rotativo – empréstimo pessoal de curtíssimo prazo, em que parte do saldo devedor é rolada para o mês seguinte ao vencimento da fatura.

Mesmo entre as famílias de maior renda há um crescimento no endividamento, que passou de 59,1% em julho de 2020, para 66,3% agora. “Elas foram beneficiadas pela poupança forçada feita durante a pandemia e agora estão aproveitando para financiar a compra de carros e imóveis.”

Comprometimento da renda com dívidas liga sinal amarelo para 2022

Mas o sinal amarelo poderá ser acionado em 2022, já que o endividamento está em níveis elevados. O comprometimento de renda das famílias com dívidas com Sistema Financeiro Nacional (SFN) em abril estava acima de 30% pelo oitavo mês seguido. “Esse limite é considerado como ideal”, diz o economista Luiz Rabi, da Serasa Experian.

O dado positivo é que a inadimplência está contida. Segundo a CNC, 25,6% das famílias estão inadimplentes, 0,7 ponto percentual abaixo do registrado em julho de 2020. Enquanto isso, a taxa de inadimplência das carteiras de crédito de recursos livres para estava em 4,12% em junho, segundo o BC, e bem perto do piso registrado em janeiro.

Um fator que, de acordo com os economistas do banco Original, contribuiu para esse cenário de inadimplência baixa foi a adoção de programas de renegociação de dívidas para pessoas físicas e jurídicas.

Um complicador, dizem eles, é que o desemprego deve baixar lentamente nos próximos meses, devido à alta na Selic, que subiu para 5,25% ao ano. O comunicado publicado depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sinaliza para novas altas no juro, que podem levar a taxa a níveis capazes de restringir a atividade econômica.

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