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ONU: Bolsonaro sendo Bolsonaro mais uma vez foi na contramão do esperado por analistas e diplomatas

Em Nova Iorque, presidente brasileiro falou por 13 minutos sobre temas como meio ambiente, indígenas e pandemia

O presidente Jair Bolsonaro abriu nesta terça-feira (21) a 76.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorre em Nova York, nos Estados Unidos. Em seu discurso, ele defendeu suas políticas de enfrentamento da Covid-19, de meio ambiente e para indígenas – temas que o país costuma ser alvo de críticas no exterior. Também disse que o Brasil não tem mais casos de corrupção que ocorriam em outros governos, que quase teriam levado o país ao socialismo. Disse ainda que o Brasil não abre mão da democracia, rebatendo outra crítica frequente da imprensa internacional: de que seu governo tem tendência autoritária.

Bolsonaro começou o discurso afirmando que iria apresentar em seu discurso um Brasil “diferente” do mostrado pela imprensa internacional. “É uma honra abrir novamente a Assembleia Geral. Venho mostrar o Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões. O Brasil mudou, estamos há dois anos e dois meses sem casos de corrupção. O Brasil tem um presidente que acredita em Deus, respeita a Constituição e deve lealdade ao seu povo. Isso é muito, se levarmos em conta que estávamos à beira do socialismo. Nossas estatais davam prejuízos bilionários, nosso dinheiro era usado para financiar obras em países comunistas. Tudo isso mudou”, disse Bolsonaro na ONU.

Sobre a campanha de imunização do Brasil contra o coronavírus, Bolsonaro afirmou que pelo menos 140 milhões de brasileiros já receberam ao menos primeira dose. No entanto, disse que o governo brasileiro é contrário ao passaporte da vacina, adotado por alguns países.

“O governo federal já distribui mais de 200 milhões de doses de vacina, sendo que 140 milhões de pessoas já receberam a primeira dose. Oitenta porcento da população indígena já foi totalmente vacinada. Até novembro todos que escolherem ser vacinados no Brasil serão imunizados. Apoiamos a vacinação, mas nosso governo é contrário ao passaporte da vacina”, disse o presidente.

Bolsonaro também defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19. E questionou a resistência dos países na defesa do chamado “tratamento precoce” para a Covid-19. "Não entendemos por que muitos países se posicionaram contra o tratamento inicial”, disse.

No discurso de Bolsonaro na ONU, ele aproveitou para criticar as medidas de lockdown, adotadas por diversos governadores e prefeitos durante a pandemia da Covid-19. Para ele, essas restrições resultaram no aumento da inflação no Brasil.

“Sempre defendi combater o vírus e o desemprego de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. As medidas de isolamento e lockdown deixaram um legado de inflação, em especial, nos gêneros alimentícios no mundo todo. No Brasil, para atender aqueles mais humildes, obrigados a ficar em casa por decisão de governadores e prefeitos e que perderam sua renda, concedemos um auxílio emergencial de US$ 800 para 68 milhões de pessoas em 2020”, disse.

Presidente disse que 7 de setembro foi demonstração de democracia

Bolsonaro lembrou das manifestações do Sete de Setembro onde seus apoiadores foram às ruas em diversos estados do Brasil. “No último dia 7 de setembro, data que comemoramos nossa Independência, milhões de brasileiros, de forma pacífica, foram às ruas, na maior manifestação da nossa história, para mostrar que não abrem mão da democracia em apoio ao nosso governo”, afirmou Bolsonaro na ONU.

Na área econômica, o presidente destacou as concessões feitas à iniciativa privada, como os leilões de aeroportos e as autorizações para novas ferrovias. “O Brasil possui o maior programa de parceria de investimentos com a iniciativa privada de sua história. Programa que já é uma realidade e está em franca execução. Até aqui, foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas. Na área de infraestrutura, leiloamos, para a iniciativa privada, 34 aeroportos e 29 terminais portuários”, disse.

De acordo com Bolsonaro, o sistema de autorizações de ferroviárias aproxima nosso modelo ao americano. Já são mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. Introduzimos o sistema de autorizações ferroviárias, o que aproxima nosso modelo ao americano. Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados, completou.

Essas afirmações de Bolsonaro na ONU, sobre a área econômica, têm o objetivo de mostrar que o Brasil é um país aberto para investimentos estrangeiros.

O que o presidente falou sobre meio ambiente e políticas indigenistas

Sobre a política ambiental, Bolsonaro afirmou que o Código Florestal do Brasil deveria servir de modelo para os demais países. O presidente brasileiro convidou os demais chefes de Estado à visitarem a Amazônia.

“Somente no bioma amazônico, 84% da floresta está intacta, abrigando a maior biodiversidade do planeta. Lembro que a região amazônica equivale à área de toda a Europa Ocidental. Antecipamos, de 2060 para 2050, o objetivo de alcançar a neutralidade climática [emissões de gases causadores das mudanças climáticas]. Na Amazônia, tivemos uma redução de 32% do desmatamento no mês de agosto, quando comparado a agosto do ano anterior. Os senhores estão convidados a visitar a nossa Amazônia!", disse Bolsonaro na ONU. "Qual país do mundo tem uma política de preservação ambiental como a nossa?"

O presidente também defendeu as políticas para indígenas do Brasil: "14% do território nacional, ou seja, mais de 110 milhões de hectares, uma área equivalente a Alemanha e França juntas, é destinada às reservas indígenas". Também defendeu a visão de seu governo de permitir a exploração econômica de terras indígenas. "Nessas regiões [os territórios indígenas], 600 mil índios vivem em liberdade e cada vez mais desejam utilizar suas terras para a agricultura e outras atividades."

Brasil vai acolher afegãos refugiados, diz Bolsonaro

Bolsonaro ressaltou também as políticas do Brasil de acolhimento de refugiados e disse que concederá vistos humanitários a afegãos. "Em nossa fronteira com a vizinha Venezuela, a Operação Acolhida do governo federal já recebeu 400 mil venezuelanos deslocados pela crise político-econômica gerada pela ditadura bolivariana", disse.

Na sequência, o presidente que vai acolher afegãos que queiram sair do país, controlado pelo grupo extremista Talebã. “O futuro do Afeganistão também nos causa profunda apreensão. Concederemos visto humanitário para cristãos, mulheres, crianças e juízes afegãos."

O presidente afirmou ainda que o Brasil repudia todo tipo de terrorismo. "Nestes 20 anos dos atentados contra os Estados Unidos da América, em 11 de setembro de 2001, reitero nosso repúdio ao terrorismo em todas suas formas.”

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