Resende (RJ) — Um episódio de violência doméstica envolvendo a mãe e os avós do senador Flávio Bolsonaro reacendeu o debate sobre segurança e perseguição política no Brasil. No último domingo (24), Rogéria Bolsonaro, ex-esposa do ex-presidente Jair Bolsonaro, e seus pais foram feitos reféns durante um assalto à residência da família, localizada no interior do Rio de Janeiro.
Segundo relatos divulgados por Flávio e Eduardo Bolsonaro, os criminosos invadiram a casa com conhecimento prévio da identidade das vítimas. “Eles chegaram gritando: ‘Sabemos que Jair Bolsonaro manda dinheiro para vocês, queremos a grana’”, escreveu Eduardo em suas redes sociais. Os assaltantes amordaçaram os idosos, humilharam Rogéria e reviraram o imóvel em busca de valores em espécie, que não foram encontrados. O carro da família foi levado, mas recuperado pela Polícia Militar horas depois.
A família Bolsonaro não hesitou em associar o episódio a um suposto clima de perseguição política. Eduardo Bolsonaro insinuou que o ataque poderia ter sido motivado por “ordens de Moraes”, referindo-se ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. “Tudo isso acontece depois dos vazamentos seletivos e perseguições de Moraes, que expõem nossos familiares como alvos fáceis”, escreveu o deputado.
A declaração provocou reações intensas nas redes sociais e entre aliados políticos. Parlamentares como Sóstenes Cavalcante e Nikolas Ferreira também criticaram as decisões judiciais recentes contra Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e restrições de comunicação impostas pelo STF.
O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta uma série de investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Supremo Tribunal Federal. Entre elas, estão acusações de tentativa de golpe de Estado, uso indevido de redes sociais para incitar atos antidemocráticos e pedidos de asilo político no exterior4. Bolsonaro nega todas as acusações e afirma que está sendo alvo de uma campanha para impedir sua participação nas eleições de 2026.
A defesa do ex-presidente classificou as ações da PF como “lawfare” — termo usado para descrever o uso da lei como instrumento de perseguição política. Já aliados como o vereador Ismael Bastos afirmam que qualquer crítica ao STF coloca o indivíduo “na mira” do Judiciário.
Embora o assalto em Resende esteja sendo tratado como crime comum pelas autoridades locais, a família Bolsonaro vê o episódio como parte de um cenário mais amplo de perseguição. “Até onde vai a sede de vingança desse homem?”, questionou Eduardo Bolsonaro, referindo-se ao ministro Moraes.
A Polícia Civil do Rio de Janeiro segue investigando o caso, enquanto o debate sobre segurança, liberdade de expressão e limites da atuação judicial continua a dividir opiniões no país.
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