Nos bastidores da política macauense, o jogo nunca é tão simples quanto aparenta. A Secretaria de Saúde, ocupada por indicação direta do vice-prefeito — que colocou sua própria neta no cargo — tornou-se alvo de uma articulação silenciosa e calculada. Um grupo reduzidíssimo de interessados trabalha para fragilizar essa posição, não por convicção administrativa, mas por conveniência política. A estratégia é deslocar uma vereadora titular para assumir a secretaria, abrindo espaço para que uma suplente assuma o mandato.
Na prática, trata-se de uma operação de desgaste. A vereadora Erika, ao trocar o mandato pela gestão da saúde, se afasta cada vez mais de seu verdadeiro objetivo: administrar Macau. A secretaria, atolada em problemas estruturais e sem condições de ser “colocada na linha”, funciona como uma armadilha política. Quem assume herda o caos e carrega o peso de uma pasta que dificilmente entrega resultados.
O discurso de renovação e eficiência não passa de ilusão. A movimentação não busca fortalecer a saúde pública, mas rearranjar cadeiras no Legislativo e beneficiar quem aguarda na suplência. É a velha lógica da política miúda: transformar cargos em moeda de troca, mesmo que isso signifique sacrificar a credibilidade de quem se arrisca a entrar no jogo.
Poucos entendem as regras desse tabuleiro. Aqui, o cavalo não salta em “L” para capturar a peça adversária; ele se move conforme a conveniência do momento. É um jogo em que alianças se desfazem na mesma velocidade em que são criadas, e onde a aparência de estratégia esconde, na verdade, a mais pura improvisação.
E nesse cenário, a Secretaria de Saúde foi convocada pela Câmara e deverá comparecer no dia 16 para a sessão, atendendo ao chamado. Mais um capítulo que promete expor não apenas os limites da gestão, mas também a verdadeira natureza das articulações que se desenrolam nos bastidores.

0 Comentários