Brasília vive mais um terremoto político. O gabinete do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi atingido por um escândalo devastador: um esquema de rachadinha que envolve funcionários fantasmas, desvio de dinheiro público e uma rede de procurações que conferiam poderes “amplos e ilimitados” à sua chefe de gabinete, Ivanadja Velloso Meira Lima.
O esquema: saque de salários e funcionários fantasmas
Desde 2011, quando Motta assumiu seu primeiro mandato, pelo menos dez funcionários e ex-funcionários assinaram documentos que permitiam a Ivanadja sacar salários e movimentar contas bancárias em nome deles. O montante movimentado ultrapassa R$ 4,1 milhões. Entre os casos mais escandalosos está o de Ary Gustavo Xavier Guedes Soares, motorista e caseiro da fazenda de Motta, que recebeu mais de R$ 1,1 milhão da Câmara enquanto exercia funções privadas no interior da Paraíba.
Ivanadja, que já é ré por improbidade administrativa em outro caso de rachadinha no gabinete do deputado Wilson Santiago, aliado de Motta, teria repetido o mesmo modus operandi: funcionários que nunca pisaram em Brasília, desconheciam seus salários e entregaram procurações que permitiam saques e movimentações bancárias.
Silêncio e omissão
Nem Hugo Motta nem Ivanadja se manifestaram sobre as denúncias. Funcionários contatados pela imprensa desligaram o telefone ou se recusaram a responder sobre o destino dos salários. A omissão é ensurdecedora e levanta suspeitas sobre o envolvimento direto do presidente da Câmara no esquema.
Oposição em alerta: PL, PP e União Brasil pressionam
A revelação caiu como uma bomba no Congresso. Partidos da oposição — PL, PP e União Brasil — já articulam uma ofensiva política. Parlamentares bolsonaristas, que vinham sendo alvo de tentativas de cassação por parte de Motta, agora exigem explicações e prometem obstruir pautas urgentes até que o caso seja esclarecido. A hipocrisia de um presidente que tenta silenciar opositores enquanto seu gabinete é palco de corrupção explícita não passou despercebida.
O futuro de Hugo Motta: queda iminente ou mudança de tom?
Com a credibilidade em frangalhos, Hugo Motta enfrenta um dilema: manter a postura autoritária contra a oposição ou recuar e negociar para salvar seu mandato. O escândalo pode ser o início do fim de sua presidência na Câmara. A pressão por uma CPI já circula nos bastidores, e há quem defenda seu afastamento imediato.
Este não é apenas mais um caso de rachadinha. É um retrato cruel da impunidade institucionalizada, da promiscuidade entre cargos públicos e interesses privados, e da falência moral de quem deveria zelar pelo erário. A pergunta que ecoa nos corredores do Congresso é: até quando?
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