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Onde Está o “Governo do Amor”?

Por que o silêncio diante do terror nas aldeias indígenas?


Enquanto o discurso oficial se pinta de inclusão, diversidade e proteção aos povos originários, a realidade nas Terras Indígenas Tekoha Guasu Guavirá e Tekoha Guasu Okoy Jakutinga, no oeste do Paraná, é de puro horror. Mais de 500 crianças indígenas vivem sob ameaça constante. Famílias Avá-Guarani estão impedindo seus filhos de embarcar nos ônibus escolares após receberem ameaças explícitas de que os veículos seriam queimados. Isso não é paranoia — é sobrevivência.

O caso mais brutal veio à tona em julho: Everton Lopes Rodrigues, jovem indígena de 21 anos, foi encontrado decapitado. Ao lado do corpo, uma carta com ameaças diretas às comunidades, especialmente às crianças que dependem do transporte escolar. Isso não é apenas um crime bárbaro. É um recado de terror. E o que fez o “governo do povo”? Nada além de notas protocolares e promessas vazias.

Racismo nas escolas, medo nas estradas
Com 48 crianças indígenas matriculadas em Terra Roxa e 260 em Guaíra, a maioria precisa frequentar escolas não indígenas em áreas urbanas. Isso as expõe não só à violência física, mas também ao racismo institucional, como relatado pela Comissão Guarani Yvyrupa. Crianças são humilhadas, discriminadas e traumatizadas — e o Estado permite que isso aconteça.

O silêncio que mata
O Ministério Público do Paraná e o Ministério Público Federal emitiram recomendações urgentes para reforço policial e proteção às crianças indígenas. Mas por que foi preciso um assassinato para que algo fosse feito? Onde estava o “governo do amor” antes disso? Onde está agora, enquanto comunidades vivem sob cerco, casas são incendiadas e crianças são baleadas em emboscadas1?

Massa de manobra, não prioridade
A verdade nua e crua é que os povos indígenas são usados como bandeira política quando convém — e abandonados quando enfrentam o terror. O discurso de proteção virou marketing. A prática é omissão. Enquanto o governo se ocupa em destruir pilares econômicos e sociais do país, vidas indígenas são ceifadas, ignoradas, descartadas.

A luta dos Avá-Guarani é a luta por dignidade, por respeito, por sobrevivência. E cada silêncio cúmplice é uma ferida aberta na democracia. Que este texto seja um grito — porque os gritos das aldeias estão sendo abafados por um Estado que se diz protetor, mas age como carrasco, com a hipocrisia de seus discursos vázios.

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